quinta-feira, 19 de março de 2015

Há Piratas na Biblioteca



Manuel António Pina, com a obra dramática Os Piratas, desafia ao jogo e permite aos alunos e alunas entrar na narrativa como se de uma aventura se tratasse. Uma aventura lúdica, uma viagem que as bibliotecas escolares organizaram, para as turmas do 6º ano, contribuindo desta forma para dar cumprimento ao proposto nas metas curriculares -  educação literária.    
Percorrer a trama/teia dramática a partir de um guião estimulante, um mapa de caminhos, que remete para a leitura, análise e compreensão desta viagem ao mundo fantástico de uma história misteriosa que se desvenda vagarosamente até chegar ao tesouro. O tesouro, chegando ao final com a possibilidade de aceitar que há mundos para além do que os sentidos nos mostram, há mundos fantásticos, mágicos, há mundos entre a ficção e a realidade a que devemos prestar atenção. É precisamente nesta focalização onírica que o autor nos desperta e divide entre o mundo da infância e da vida adulta, para pensarmos a nossa identidade, a nossa ilha, o que a rodeia, o que a aproxima, o que a afasta entre nós e os outros, os contactos, as pontes que estabelecemos, a comunicação que nos engrandece. São estes laços comunicacionais que fazem de nós piratas, que nos levam a apropriarmo-nos do ideário coletivo para (re)inventar os nossos quotidianos, para vivermos felizes entre os inevitáveis dois mundos que habitam e continuar a sonhar…
Para além desta “leitura”, sublinhamos também o facto de esta narrativa relembrar o contexto histórico-literário português, os descobrimentos, as aventuras marítimas, a pirataria, os naufrágios que o nosso mar inspira, cruzando outras leituras, outros autores, outras épocas. É, de facto, uma obra que cativa e merece uma leitura dinâmica e participada, porque: “Há pessoas que não acreditam em ilhas. Acham que as ilhas são coisas inventadas, em que só se acredita quando se é criança. Por isso, chega um dia em que julgam que já não são crianças e deixam de acreditar em ilhas. Outras pessoas pensam que uma ilha é uma terra rodeada de mar e de névoa por todos os lados. Todavia, no meio da névoa, dentro da ilha, está-se em muitas mais coisas que numa terra, pode até estar-se num sítio desconhecido dentro de nós. Chamo-me Manuel e vivo numa ilha, ou uma ilha vive em mim, não tenho a certeza, uma ilha rodeada de mar e de névoa por todos os lados, principalmente pelo lado de dentro.”

Da avaliação realizada, alunos, alunas e docentes destacam o aspeto lúdico e motivador associado à atividade, o trabalho em equipa, a possibilidade da leitura da obra integral e a atenção dada à leitura para se poder responder às questões colocadas, o procurar os livros e o procurar dentro do livro e viajar na história, um melhor conhecimento da biblioteca (zonas funcionais, classes da CDU e dos livros aí existentes) e a reflexão sobre a obra feita na parte final.

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