A Biblioteca Escolar
Manuel Alegre apoiou, com uma minifeira do livro, apresentação do livro “Morte
assistida: Temos o direito de escolher a forma como morremos?” de Lucília Galha,
que decorreu no passado dia 8 no auditório da Escola E.B. 2.3 C/ Secundário
José Falcão. A atividade foi organizada
pelo grupo disciplinar de filosofia e do Grupo Leya, e contou com o apoio do
grupo disciplinar de biologia, tendo sido dirigida aos alunos do nível
secundário.
Segundo a autora,
jornalista da Revista Sábado, este livro surgiu no decurso de um trabalho que
realizava sobre o tema em maio de 2010 e, tendo conhecido a história da “Maria”,
a primeira portuguesa que recorreu à Suíça, à associação “Dignitas”, para
conseguir pôr termo ao sofrimento de um cancro em estado terminal, de uma forma
digna, como ela dizia para o seu médico, “se eu não ficar curada quero morrer e
não desparecer aos bocados”, em Portugal não existe esta opção e qualquer ajuda
ou incitamento ao suicídio é penalizado com pena de prisão até três anos.
A obra conta com o
depoimento dos dois amigos de Maria, que a acompanharam em todo este processo e
estiveram com ela até ao último momento em que ingeriu, por sua mão, como é de
lei segundo a legislação suíça, o barbital de sódio, substância que lhe traria
a morte, e ainda com outros testemunhos de doentes em fases terminais de várias
doenças, sobretudo do foro oncológico.
O que estes pacientes
pretendem é morrer tranquilamente, acompanhados pelos seus familiares e poderem
escolher a forma como morrem. De acordo com as palavras da autora, um dos
objetivos primordiais deste livro é suscitar a discussão em torno “deste último
tabu da sociedade ocidental”. Atualmente, sessenta por cento das pessoas morrem
sozinhos numa cama, de um qualquer hospital, e a morte tornou-se assim, para
todos os que ficam, algo distante que não se vela nem se presencia, morre-se
cada vez mais tarde, mas não necessariamente melhor porque a “obstinação
terapêutica” prolonga por vezes a vida para além do que é razoável. Coloca-se
ainda o problema da dor inerente a estas doenças a qual, segundo os especialistas,
pode ser atenuada em 95% dos casos com a tecnologia médica, mas nos restantes
5% ainda não é possível, e não se fala apenas da dor física, mas da dor moral e
existencial.
Desde agosto de 2012
que o “testamento vital” foi legalizado em Portugal e qualquer pessoa pode
declarar que cuidados de saúde não pretende que lhe sejam ministrados em caso
de doença grave ou acidente, como o suporte de funções vitais, e ainda nomear
um procurador que a representará e terá conhecimento da sua vontade.
Nas palavras da autora,
é premente suscitar o debate em torno da eutanásia e do suicídio assistido em
Portugal, já que somos dos poucos países europeus onde não existe uma
associação “right-to -die” e esta questão parece manifestamente proibida, com
pessoas a recearem assumir a sua posição, o que tornou, aliás, a realização
desta obra bastante difícil, porque muito poucos ousam dar a cara por esta
causa, salvaguardando a coragem e perseverança da Doutora Laura Ferreira dos
Santos que tem sido das suas únicas defensoras.
Para que não tenhamos
de ir morrer longe do país onde nascemos e de todos aqueles que amamos, e
possamos fazê-lo com dignidade e liberdade de opção urge quebrar o último tabu.